30/04/2010

A arte de ser paciente



Tanta impaciência torna os dias pesados e nos rouba a oportunidade de avaliarmos nossos passos. Está na hora de brecar essa roda-viva!

É fim de tarde e o cansaço já está batendo forte. "Pelo menos acabou o expediente", você pensa, enquanto segue aliviado rumo ao estacionamento. Lá, pede ao manobrista para trazer o seu carro. "Aquele vinho, na vaga da direita", aponta. Ele demora e você já começa a bater o pé, cheio de ansiedade.

Finalmente, o rapaz chega... Mas com o carro errado. Então, ele faz todo o percurso novamente, sem aparentar a menor urgência. Sua vontade é falar umas boas, mas se segura e entra no carro, pegando o caminho para casa.

Ao dobrar a esquina se depara com um enorme engarrafamento. Não bastasse a lentidão, buzinas ecoam para todos os lados. A impressão é que sua cabeça vai explodir.

Uma boa ideia seria fechar os vidros, ligar o som com seu CD preferido e se desligar do caos lá de fora. Mas quem consegue? Parece automático: a gente perde as estribeiras, buzina com a multidão de carros, troca palavras nada amigáveis com o motorista ao lado e ainda reclama do coitado do pedestre, que pede licença para atravessar a rua.

É a tal da impaciência, um dos males da modernidade. Perdemos o respeito sobre a forma de viver do outro. "Tem de ser tudo à nossa maneira, tudo para agora, como se fosse possível fazer de um minuto menos do que 60 segundos", afirma a psicóloga e pedagoga Elizabeth Monteiro, de São Paulo. Para ela, nos dias de hoje, nossa ansiedade é tamanha que nem paramos para analisar o porquê de tanta irritação, pressa e estresse. Afinal, onde tudo isso nos leva?

Um tiro no próprio pé

Se depois dessa breve reflexão você chegou à conclusão de que tamanha impaciência não nos leva a lugar algum, acertou em cheio. Muito mais do que prejudicar o outro, que vira alvo de nossa ira e julgamento implacável, ser impaciente traz prejuízos para nós mesmos. Você já percebeu que quando estamos nervosos até mesmo a mais simples das tarefas torna-se difícil e trabalhosa? É que com a cabeça quente, tudo se complica. Perdemos a mão das coisas, ficamos críticos demais, e a solução escapa por entre os dedos. O antídoto? Aceitação.

"É preciso ter consciência de que nada adianta a indignação contra o que não concordamos. O fato, em si, já existe. O melhor é aceitar essa condição, manter o eixo e, assim, encaminhar a situação no rumo dos nossos propósitos", pondera Miguel Perosa, professor da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Ter paciência é isso: confiar no poder do tempo e na transformação constante de tudo o que nos cerca. O ser paciente entende que todo o processo matura com o tempo e que a mudança é possível. "O escritor Guimarães Rosa sabiamente já dizia: tudo o que existe carece e se merece", completa o psicólogo.
Então, para que se desesperar e colocar a carroça à frente dos bois? Dê tempo ao tempo. É com jeitinho que aprendemos a lidar com os fatos, contornar as adversidades e nos tornamos pessoas mais experientes.

2 comentários:

FAMILIA OHSE disse...

Amei a matria e muito importante,dela tirei proveito para minha vida sou um pouco impaciente, as vezes digo que nasci andando, parabéns é 10.

Anônimo disse...

ai ta lindo essas coisas♥♥amo vcs bjs